quinta-feira, janeiro 27, 2011

. Amor Mortal .

Alguns anos atrás... alguns não, acredito que pouco mais de quinhentos anos, encontrei um amigo, um vampiro.
Não é necessário perder muito tempo falando sobre ele. A história que
preciso contar não é sobre ele.
Nem é uma questão de necessidade, mas a história que quero contar não é a respeito desse vampiro.

Nos conhecemos poucos anos antes desse encontro.
A minha situação não era das mais agradáveis naquele momento, Khayman resolveu fazer uma viagem.
Eu sentia que cada vez precisava menos de mim. Me sentia um tanto perdida, sem
motivações para continuar com essa vida tão longa e solitária... Senti que deveria ver minha terra novamente, e ir... Ir de uma vez para onde quer que fosse. Finalmente morrer,mas o que aconteceu nessa noite, mudou algo na minha perspectiva de vida.

Bem, essa história não será interpelada entre mim e outro vampiro, apenas eu contando para vocês.
Encontrei esse amigo vampiro próximo a sua casa. Eu o estava espreitando, confesso.
Morava em Viena. Viena que sempre foi uma cidade agradável e linda. A Cidade dos Músicos,é como chamam Viena... Linda.

Esse meu amigo, tinha um comportamento muito semelhante ao de Marius.
Gostava de abrir sua casa aos mortais, e ter companhias mortais.

Eu o encontrei numa rua próxima a sua casa, o estava esperando é claro.

- Selene, adorada!- disse, abraçando-me, como é do costume dos povos mediterrâneos.
- Velho amigo! Que saudades estava de ti.- respondi.
- O que trás sua beleza adorável a Viena? - perguntou.
- A solidão talvez, senti falta das companhia dos velhos vampiros, os jovens me estavam
entediando.- disse, andando ao seu lado pela rua.
- Ah, te entendo, preciosa. Por isso vivo rodeado pelos meus adoráveis mortais.- disse, me conduzindo até sua morada. Um lugar luxuoso e acolhedor, lembrava um palácio em miniatura. Cheio de mortais. Festa, alegria.

- Amigo, posso lhe pedir um favor? - disse, pensando que precisava de um local para
passar o dia, e não trazia dinheiro algum comigo, nem queria me enterrar nas matas. Pelo menos não hoje.
- Tudo que você quiser Selene.- respondeu.
- Você teria como dividir seu local de repouso comigo? - perguntei, timidamente.
- Ah, não. É um local muito reservado, mas não teria problema nenhum em você ficar na
minha casa. - disse, alegre em me receber.
- Claro,na minha idade só preciso de um quarto escuro.- disse, satisfeita por encontrar um local adequado.
- Então vamos entrar, deixe-me mostrar a casa para você.

A casa era uma animação indescritível,mas passei diretamente para o quarto que ocuparia,não me sentia com espírito para festa. Logo percebi que era o quarto particular dele.
Decorado com um refinamento incrível. Ele saiu rapidamente e voltou trazendo consigo um lindo vestido, tirado não sei de onde. Trouxe jóias, meias, sapatos. Tudo que faria a felicidade de qualquer mulher. Perfumes, pinturas... Tudo que poderia me fazer mais bela ainda, ele disse.

Deixou-me sozinha, fiquei a observar o quarto e sua decoração.
Encontrei uma banheira, com a água já preparada para um banho, água perfumada e quente...
Era justamente o que precisava um banho para tirar a sujeira da viagem, me livrei
daquelas roupas esfarrapadas e borradas das caminhadas.

Entrei na banheira, sentindo a água me relaxar e aquecer meu corpo, fiquei de pé dentro dela, usando as mãos para deixar que ela me corresse pelo corpo, mas logo ouvi alguém abrir a porta...Achei que talvez fosse meu amigo vampiro, mas não. Era um jovem rapaz,deveria ter no máximo dezessete anos.
Possuía um longo cabelo loiro, corpo bem feito, olhos verdes... Estava envergonhado, mas excitado pela situação. Por que devo dizer, o sangue negro não diminuiu em nada a
exuberância do meu corpo. Que continuava belo como era na minha vida mortal. E vampiros não tem o pudor mortal. Continuei a me banhar, enquanto ele observava...

- O que faz aqui, meu jovem?- perguntei.
- Vim ver se sua beleza era tamanha quanto foi falada na festa.- disse, admirado.
- E eu correspondi as suas expectativas?- disse, lisonjeada.
- Ainda mais, minha senhora. Ainda mais. - ele estava boquiaberto com a naturalidade com que agia sob seus olhos.
- Você vai ficar ai parado? Me ajude a sair dessa banheira. - disse.
- E se eu preferir ficar ai com você? - disse, divertido.
- Isso seria muito interessante, quer mesmo? Então venha até aqui.

Ele tirou suas belas roupas, revelando o corpo que eu já suspeitava se esconder embaixo delas. Entrou na banheira, e num ato tão comum aos jovens homens, me puxou para junto de si, mas logo sentiu que eu era...diferente.

- Ah, então você é como o meu senhor, eu não acredito que existam mulheres dessa maneira.- disse, explorando meu corpo, sentindo como eu era. Me beijando, correndo as mãos pelos meus cabelos... Com toda a inexperiência esperada com um rapaz tão jovem.
Claro que isso não poderia ir em frente...
O beijei com uma ferocidade que a solidão me conferia, mordi língua, sim, mordi. Não me arrependo disso. Depois do demorado beijo ele só pensava em me arrastar para a cama.
' isso, não podemos.Eu lamento, meu adorável rapaz.. lamento.' sussurrei entre beijos e afagos.
Sai da banheira, ele me acompanhou, me ajudou a secar os cabelos, a penteá-los... O que não foi dificuldade alguma, já que eles não conservavam sujeira ou nó algum.
Ajudou a vestir e amarrar o vestido, cheio de laços e amarrações.

O levei até a grande cama cheia de almofadas e colchas, forradas de seda. Um primor.
Ele pareceu acostumado a situação, não procurou outros prazeres além da minha companhia.
Simplesmente dormiu abraçado a mim, mas acordou quando minhas lágrimas de sangue
começaram a correr. Perguntou o que poderia fazer por mim,o que me aflingia.Não havia
nada que pudesse fazer, era minha depressão,minha solidão que chorava.
A falta que Khayman, Marius, Avicus, e os meus outros adoráveis amigos vampiros me fazia era revoltante. Quero meus mortais, queria aquele mortal.

- Você é tão bonito, meu jovem.- disse, acariciando levemente seu rosto.
- Qual o seu nome senhora?
- Selene.- eu disse.
- Porque chora?Não a faço feliz?- disse, limpando levemente as lágrimas de sangue.
- Você me deu um sentido, sua beleza deu um sentido a essa noite. Uma noite de passagem.

Na qual eu iria morrer. Estava apenas preparando meu espírito para isso. Mas esses
momentos, me fizeram ver novamente a beleza nos simples gestos e no amor dos mortais.

Depois de algumas horas consegui tirá-lo da cama, fazer com que parasse de tentar me
seduzir. Dizendo que o amor era o que me ligava a ele, não o carnal. Mas quem dera os
jovens tivessem a minha paciência... Partilhamos mais alguns momentos de prazer carnal, que pude proporcionar com toda a eficiência de quem passou séculos amando os mortais de maneira limitada.

Depois dessa noite, do encontro com ele, com meu amigo vampiro... Encontrei um novo
sentindo na minha existência, do meu encontro com aquele jovem, surgiu um amor entre os vampiros. Por que minha história com ele, se confunde com a minha história com outro grande amor...

Boa Noite!

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