domingo, janeiro 09, 2011

. Seguida no Talamasca .

Boa Noite.

Queridos, queridos... Vocês que lêem minhas memórias ainda desconhecem meu lado negro.
Meu lado negro não suporta distrações, conversas tolas, atitudes dramáticas demais, e simplesmende odeia ser seguida. Não tanto pelos imortais... mas por mortais... Isso o deixa enfurecido. E não existe meus queridos nada mais perigoso para um mortal que um vampiro irado.

Vocês, se já eram as crônicas vampirescas conhecem o Talamasca.
E a história de hoje é sobre um membro dessa ordem de estudiosos.
Seu nome era Oliver. Oliver Foster. Ele atuava no campo do estudo dos vampiros.
O que no Talamasca significa nos seguir por ai, ver onde vamos e o que fazemos.
E não me agrada nada ser vigiada. A menos que sejam por vampiros atormentados, ou interessantes... É.

Bem, ele me encontrou em Praga, enquanto eu admirava as obras no Museu Nacional.
Um lindo prédio em estilo neorrenasentista. Como era noite e eu tinha entrado por uma janela que abri com o poder da mente, ele teve que convencer os guardas a deixá-lo entrar.
Mas do que obviamente ele não disse que havia mais alguém dentro do museu. Só que a menção do Talamasca consegue abrir muitas, muitas portas em instituições como museus, igrejas, galerias, bibliotecas, e até acervos particulares.

Como a maioria dos mortais que sabem o que somos e nos encontram ele ficou cheio de medo ao me ver. Medo, mas também admiração. Não consegui entrar na sua mente. Isso me espantou por um momento, só que logo notei do que se tratava.
Eu estava encostada em uma parede observando uma estátua bizantina quando ouvi passos no corredor, então ele chegou. Vinha cheio de receio e curiosidade, olhava para todos os cantos e altos das paredes. Essa gente acha mesmo que nos escondemos no teto?
Até mesmo investigadores experientes como Oliver sabem que os vampiros na sua maioria são bem imprevisiveis. E ele estava sendo o mais cuidadoso que conseguia. Apesar de já ter um histórico sobre mim, saber que eu não sou agressiva em primeiros encontros... Em saber que eu já tinha encontrado outros membros de sua ordem e não tinha lhes feito mal. Mesmo assim, nunca se sabe o que esperar de um vampiro.

Depois de explorar o local por uns momentos, o brilho dos meus olhos por fim denunciou minha posição. Ele quase teve um enfarto, juro a vocês. O coração do homem quase parou quando me aproximei dele e disse que era Selene e não lhe faria mal. Mas que ele fosse embora e deixa que eu visitasse o museu sem ser perturbada. Trocamos um aperto de mão. E fiz isso apenas para ele conhecer a textura e a frieza da minha pele. Ele se foi. Caminhando lentamente tentando disfarçar que estava tremendo de medo.

O que vocês devem entender é que somos seres lindos, sim somos. Mas podemos ser bem assustadores quando queremos. E foi a visão da sombra pálida do meu rosto que assustou aquele homem. Mas vamos mais para frente.

Um mês depois em Budapeste, no Museu de Belas Artes... o encontrei novamente.
Isso já estava me incomodando.

Duas semanas depois, em Bruxelas...
Ignorei sua presença...

Mas ai o encontrei em Amsterdã, ele parecia mais ousado, por estar em casa, nos braços do Talamasca.
E finalmente falou comigo.
Ignorei seu contato.
Horas depois me peguei furiosa com esse mortal que insistia em me seguir.
E mal queria trocar duas palavras comigo. Meu lado negro também é impetuoso.

Entrei na casa Matriz do Talamascam, ignorando o fato dos membros poderem saber que eu estava lá. Que eles fossem pro inferno com seus poderes.
Entrei no quarto de Oliver...

- Olá Oliver. - disse eu enquanto me sentava na janela.
Ele derrubou a taça de vinho quando me viu. Estava bebendo e escrevendo o relato sobre nosso encontro.
Mal conseguiu balbuciar meu nome.

- Você quer escrever um bilhete de despedida? - perguntei, enquanto ria e deliberadamente mostrava meus caninos ameaçadores.
- Sssssim.. Você, você vai me matar? Por favor, não me mate. Eu só a segui por que admiro sua condição sobrenatural.. Seus poderes.. - implorou.
- Não me venha com essa. Não sabe nada sobre a minha condição.- respondi.

Pulei da janela para dentro do quarto.

Bem, queridos. Devo dizer que meu lado negro prevaleceu aquela noite.
Não perdi meu precioso tempo bebendo o sangue daquele homem, apenas o matei quebrando-lhe o pesçoco.

Fim de história. Me arrependo dessa morte. Não foi necessária.
Mas eu estava descontente com minha vida naqueles anos.
Andava por ai solitária e sem companhia. E foi praticamente um aviso aos nossos queridos membros do Talamasca para que não me seguissem mais.


Boa Noite.

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