sexta-feira, fevereiro 18, 2011

O Despertar - Parte III

Mael nunca foi meu imortal predileto, na verdade, nunca gostei dele. Sempre o achei fatalista demais, por demais exagerado e deprimente. Mas, esse não era o momento de pôr minha opiniões acima das necessidades.

- Que faz aqui, Selene? Veio para o bem, ou para o mal? - perguntou, seco como sempre.
- Eu não vim a nada. Tenho apenas um forte interesse no que acontecerá hoje. Em todo
caso, foi bom encontrá-lo. - disse, ao sair inclinando levemente a cabeça, em uma tímida reverência.

Precisava ficar alheia aos problemas de Mael, que não conseguia tirar de sua mente a imagem de Jess. Talvez eu devesse avisar que parasse de tentar não pensar nela, isso só fazia com que pensasse mais.

A demora de Khayman me deixava impaciente, avistei outros vampiros, de menor porte, desconhecidos para mim. Deveriam ser os vampiros da Irmandade, que desejavam assassinar Lestat, e esses iam ter um final trágico. Lestat é poderoso como poucos de nós conseguem ser, é belo e ousado, e não se deixaria abater por uns jovens tolos, cheios de regras inúteis.

Estava tão presa em meus pensamentos que não notei a presença de Armand... Tão próximo de mim, tão moderno, e acompanhado. Daniel estava com ele, transformando finalmente. Parecia animado, contente com a situação, como se todo o perigo não lhe afetasse,como se não o envolvesse.Quase sorri com seu comportamento se divertindo com o show, parecido com os mortais, tão típico dos recém-nascidos.

Mas Armand, com seu péssimo gênio quebrou a situação. Olhando para mim com seus olhos
frios e interrogativos. Perdi o interesse e virei o rosto.
Não queria falar com ele, muito menos olhá-lo.

Khayman logo apareceu, e não senti sua presença antes de vê-lo. E o notei não por tê-lo visto, mas pelos olhares espantados que Mael e Armand lançavam na minha direção, e claramente não eram dirigidos a mim.
Sua aparência causava grande espanto em outros vampiros, que ainda não estavam
acostumados com ele. A brancura de sua pele, a rigidez de seu sorriso, seu rosto parecia uma máscara fria e sem expressão.

Logo que o encontrei perdi a postura altiva e cai em seus braços, com o rosto afundado em seu ombro, quase chorando. Ficamos abraçados um tempo, mas seu silêncio me fez ver que não era o momento para lamentações. Demos os braços e voltamos para junto da multidão.

Ouvi o pensamento de Mael que era bem similar ao de Armand.

" Mas quem é esse vampiro? Quantos anos terá? Qual sua relação com ela? E ela tão altiva, parece chorar, porquê?"

Ignoramos as indagações e continuamos avançando entre os mortais, quando notamos uma
agitação, eles pareciam saber de algo que não sabiamos. Era o Vampiro Lestat, entrando no palco, como um grande astro. Um astro reluzente e contente. Cantando em plenos pulmões, com sua voz sobrenatural ressoando alto. Sem necessidade de microfones ou amplificadores.

Khayman ficou maravilhado com aquela revelação, aquela exposição.Ele não parecia se
importar com velhas regras que nunca foram escritas.

O show passou sem muitos problemas, acompanhamos atentamente toda a movimentação...
Quando o show terminou, Khayman saiu em disparada parecia ter notado algo que eu não
havia. Vi Mael passar rapidamente para a saída, e eu que não poderia ficar ali, parada...

Resolvi ir de vez encontrar a gêmea ruiva. Khayman sabia o caminho, Mael veio sob suas ordens, mas Armand e Daniel iam precisar de mim.

Eles estavam correndo, fugindo da presença de Akasha que estava cada vez mais próxima, e iam tentar encontrar o Vampiro Lestat. Precisavamos encontrar as gêmeas, Lestat ficaria bem.

- Armand, temos que ir. Temos que ir agora! - falei, segurei-os pelos braços e os avisei que ficassem próximos de mim. Nós iriamos voar!

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