terça-feira, maio 10, 2011

“ Não venha como um anjo”

“ Não venha como um anjo”


Vampiro. Anjo. Menino. Lindo. Delicado. Violento. Triste. Belo. Amado. Querido. Desejado. Temido. Homem. Astuto. Sedento. Apaixonado. Eterno.


Todos esses adjetivos se encaixavam perfeitamente na imagem teórica que formei dele.Pareciam grudar em sua alma como borboletas que são os mais belos enfeites para uma flor.

Esse ser não existe. Só para mim.

Ele não é perfeito, muito menos amável.

Não gostaria de mim, ignoraria minha existência se me visse passando.

Nada disso me impediu de amar essa imagem que formei.


Minha crença nele era absurda.


Me levou a essa praça onde aconteceu....


Perdida novamente em meus devaneios, imaginando as mais inusitadas situações entre nós. Felizes, juntos. Absurdos. Mas eu o queria, chamava, talvez até implorasse por isso.


Mas sempre repetindo, “ Não venha como um anjo.”O anjo que existia nele me impediria de amá-lo, desejá-lo como sempre.O adoraria, adoração é diferente de amor. É uma entrega quase submissa. Adoro você... Estou ao seu dispor para o que quiser, sou sua. Isso é adorar. Te sigo se desejar, morro por você. Está implícito em adorar. Não queria adorá-lo.

Mas não conseguia enxergar o mal, seu lado cruel, o desejo por vidas alheias. Isso não me importava. Só via a beleza, como alguém tão belo poderia fazer mal?


Não, isso não era para ele.

Qualquer mal era permitido.


“ Não venha como um anjo.”


Com um caderno no colo o desenhava furiosamente seu rosto... Parando principalmente para me dedicar a seus olhos, que deveriam ter a candura de um anjo. Mas um sorriso matreiro de um pequeno cupido, pronto a levar nossos corações consigo.

Era noite, como agora. Apenas a noite para ele, nada mais que a noite.


“ Ainda bem que tenho você. É o desejo perfeito: o imaginário.”

- Não tão imaginário. - claro, eu tinha enlouquecido completamente, pois não estava meu querubim anjo da guarda sentado ao meu lado.

- Você mesma se diz mentalmente: tudo é tão real quanto possa parecer. - prosseguiu. Estava paralisada, não de medo. De susto realmente.

- Não...não posso dizer que nunca imaginei esse momento,sempre imaginei.

- Sabe, deveria escurecer esse cabelo, estou parecendo por demais ruivo. E essas sobrancelhas? Não são ralas demais? Olhe para mim. - Me tocou, fez com que o olhasse.

- Você tem asas? - pude jurar que as vi, asas negras como as de um grande cisne.

- Não. Está vendo alguma asa aqui? - soube que havia me feito ver o que não existia.

- O que você não está considerando querida, é que me adora.

- Não o adoro, me nego a adorá-lo. Diga que te amo, que o admiro, o desejo. Nunca que o adoro. - me zanguei.

- Tenta não me adorar. Sei que sim. Mas me adora, assim como me ama. Tem medo de adorar, de ser subjugada, de ser controlada. Posso fazer isso sem a adoração. Só com amor. Não tenha medo do adorar. É preciso entrega para amar.

- Não de devoção.


Ele se foi, não, não foi.


Apenas deixei de vê-lo.


- Desculpe não vir como um anjo, sei que queria me adorar.

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