quinta-feira, fevereiro 17, 2011

O Despertar - Parte II

Ao despertar na noite seguinte, tive tempo apenas para tirar o pó das roupas, e voltar a viajar, voando, correndo... Mas quando cheguei em Londres, parei para descansar e me recompor. Passei rapidamente em uma loja, comprei roupas e alguns acessórios...
Parei em um modesto hotel,o primeiro que encontrei, estava mais preocupada com a funcionalidade que com o requinte.

Não havia muito o que fazer, pedi a recepção do hotel que reservasse para mim uma passagem no próximo voo para São Francisco. Deixei-os ocupados com números de cartões de crédito, nomes falsos, endereços falsos, falsos pretextos, enquanto me lavava, me trocava e tentava relaxar um pouco.

Adiantou pouco, ou quase nada... só conseguia pensar nos meus filhos, em Khayman... em Marius, e seu chamado, minha raiva diante da minha impotência foi enorme. Gostaria tanto de podido ir ao seu encontro, de ajudá-lo. Meu velho amigo, que pedia a todos nós que o ajudassem... As lágrimas continuam existindo em mim, até hoje.
Nesse momento, até Armand estava esquecido. Mas logo pensei nele, em como estava
condenado igual a qualquer outro de nós. A falta de noticias me perturbava, não havia
como saber como estavam todos.

Eu estive isolada deles por tanto tempo que não havia como contactá-los. Não por vias
diretas. Não tinha números de telefone, endereços, contatos.. Nada! Me perdi na era
moderna, presa no frio da Rússia. Presa nos olhos de meus filhos...
Parei por alguns momentos, fiquei olhando fixamente para aquele telefone, parado na
mesinha ao lado da cama. Querendo quase obsessivamente ter algum número para discar, não havia número algum. ' Estúpida, quem mandou se desligar do mundo, dessa maneira?.'

Pensava, cheguei a dar uns tapas de leve na testa. Para me repreender.
Logo a recepção ligou, meu voo estava marcado para as 22:00 hrs, o que seria meia hora depois. Me apressei em chegar ao aeroporto e por fim embarcar.
Estar entre os mortais me confortou, esperei proteção naquela situação. Em estar entre pessoas as quais ela não tinha razão aparente para matar.

Virei-me na poltrona, olhando pela janela, escondendo minhas lágrimas... Que causariam grande espanto nos mortais... Tentei pensar nos motivos dela, em porque acordar justamente nesse momento. Só pelo jovem vampiro? Eu não acreditava nisso. Tinha de haver algum propósito nisso, nessas mortes.
As horas demoravam a passar, demoravam muito.

Voltei a pensar em Mikha e Vlad, naquela região tão afastada, e se por fim eu mesma caísse na batalha? Quem iria guiá-los? Quem iria acordá-los? Mantê-los?
Comecei a imaginar que seria melhor tê-los trazido, seriam de mais ajuda aqui, que lá...
Mas não, eles se arranjariam sem mim, eram espertos, inteligentes, sempre foram. Eram bem antes de eu transformá-los, continuariam sendo sem mim.
Quando dei por mim, a comissária de bordo já estava dando as instruções para deixarmos o avião. Ótimo, já estava onde devia estar.
Agora era encontrar os vampiros!

Quem procurar? Ainda faltava algum tempo pro show... Ir diretamente até Lestat? Procurar Khayman? Quem sabe... Armand. Mas ele a essa altura já deveria ter transformado Daniel, e estaria ocupado com ele.

Decidi ir ao local do show e esperar Khayman aparecer.
O espaço onde o show seria realizado estava como eu imaginava, cheio de mortais apaixonados pela mitologia dos vampiros, a música do vampiro Lestat ecoando pelos ares, suas letras ousadas e reveladoras, sua voz era agradável de ouvir, o ritmo pesado do rock quase me fez esquecer nossa situação. Os jovens mortais dançavam, vestidos com suas roupas que imitavam a moda vitoriana, as longas capas, as maquiagens pesadas, cheios de pó para empalidecer suas faces rosadas, os colmilhos de plástico...
Quase ri em meio a eles, tão distantes da realidade, tão jovens e vibrantes, não era de se espantar que Lestat desejava entrar no coração e nas almas dessas criaturas.Que
desejava ser conhecido e amado por eles.

Apesar de entender seus motivos, nunca cogitei a possibilidade de me revelar a um mortal que não desejasse matar... Talvez achasse que isso fosse dificultar minha eternidade.Um apego ainda mais profundo por eles. Não um apego, mas uma ligação. Estar ligada a alguém que conhecesse minha condição e não fosse um de nós.

Os mortais passavam por mim,deixando seu cheiro profundo, o cheiro dos copos cheios de cerveja, Bloody Marys ou refrigerantes. Estar ali era como ter algo em comum com todos eles. Um show é de fato um evento interessante de observar.

Fiquei na entrada, esperando avistar outros vampiros, e principalmente meu Khayman. Ele provavelmente estaria bem preocupado e ansioso, ainda esperando a outra gêmea ruiva. Essa confiança de Khyaman no reforço dela me preocupava... Não sabíamos com que intuito Akasha havia despertado e esperar para ver não parecia a melhor medida a tomar.

Depois de mais ou menos uma hora de espera, avistei o primeiro vampiro verdadeiro. O que não foi difícil, já que... nenhum daqueles falsos vampiro tinha nossa força, nosso cheiro e muito menos nosso brilho sobrenatural.
Caminhei até ficar às costas do vampiro, lhe toquei de leve no ombro.
Ele virou calmamente, como se quizesse mascarar seu medo de mim.

- Mael... não precisa ficar espantado, sou eu, Selene. - disse, tentando acalmar o
vampiro que parecia um bárbaro viking em meio a vários e vários lordes franceses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário