terça-feira, fevereiro 15, 2011

. O Despertar . - Parte I

Boa Noite!

Sabe, há de fato poucas histórias tão... pesadas no conceito dos vampiros do que a de hoje...

A história, que tenho para contar é famosa e muito complicada... O despertar da Rainha.

Nossa origem finalmente revelada... Um evento que despertou das entranhas dos mais frios vampiros, o medo... a ameaça às suas vidas. Senti na carne o sofrimento dos mortais, a angustia, o medo da morte inevitável... Uma força além dos meus limites de defesa.Senti o medo, pelos meus filhos, meus amigos mais próximos... até mesmo por Khayman. Ele que é pra mim tão sólido quanto as pirâmides, tão forte quanto qualquer força da natureza.. Até por ele senti um medo. Esse capitulo da nossa história é negro... melhor,vermelho.
Vermelho como o sangue de todos os nossos irmãos-vampiros perdidos, mortos, encurralados,destroçados,feridos, acuados... Pelas mãos de nossa própria mãe, a raiz de todo o poder, e mal.
O âmago da questão, o receptáculo do espírito..

Vocês, que já devem ter lido o " Rainha dos Condenados" sabem a história... Mas eu sei melhor, estive lá... sofri como todos a angustia fornecida por Akasha.
Estive lá, sofri com eles... Sofri cada morte e a alegria do embate final.

Bem, acredito que já contei onde estava no momento do despertar, que senti a morte de Enkil, descrevi minha tristeza, minha loucura...
Mas logo houveram mais mortes, mais sofrimento.. Não que os assassinados fossem próximos a mim, mas não mereciam morrer apenas pelo desejo doentio de Akasha.


Então eu lembrei....
- Khayman!!Mikhail, Vladmir preciso protegê-los.. Eu preciso estar lá, eles despertam tarde,eles estão sozinhos... Eles..


Não disse mais nada, sai para noite, fui pelos céus, até chegar ao frio da Rússia...Chegando lá cada parte do meu corpo doía.. fora a pressão emocional, saber que ela atacava ainda com mais vigor os que dela fugiam... Mas não poderia deixá-los sozinhos, eles precisam de mim, pouco me importava a morte se pudesse defendê-los.

Encontrei meus filhos ainda dormindo, os dois dividiam uma espécie de porão abaixo da casa. Belos caixões com trancas por dentro e por fora, os abri com a mente. E lá estavam Vlad e Mikha, minhas últimas crias vampiricas,os únicos que sobreviveram aos séculos...
Eles despertaram ao sentir uma presença estranha em seu local de descanso.

- Selene!- eles falaram espantados comigo, ali,com aquele semblante assustado,
perturbada, pensando na melhor maneira de esconde-los.
- Calados,calados. - falei, andando de um lado para o outro da sala.
- O que está acontecendo? - perguntou Vlad.
- Um grande perigo para vocês, e é melhor que vocês não tenham consciência do que é.
Quanto menos souberem melhor. Um grande perigo para todos nós.- respondi.
- Isso não faz o menor sentido, do que se trata? Outros vampiros? Os humanos? - Mikha
pareceu assustado.
- Um problema muito grande, Mikha... Calem-se, já disse. Estou pensando em uma maneira de livrar vocês disso. - falei.


Passei mais alguns minutos até que parei um pouco e fiquei a sentir o movimento dela.
Onde estava, o que estava fazendo... Estava indo para o Ocidente... Afastava-se cada vez mais do Oriente, e isso em muito me tranquilizou.
Pensei nas montanhas, no Himalaia tão próximo de nós, nos limites dos nossos poderes
vampiricos... E lembrei de uma ocassião em que tive de me esconder em uma caverna no Himalaia.Com certeza seria possível levá-los até lá.
Deixá-los dormindo... como se estivesse ali a muito tempo, uma presença limitada e fria.
Esperava que assim Akasha os ignorasse.



- Eu tenho que pedir algo a vocês, algo muito importante. Vocês confiam em mim, certo? - perguntei um tanto distraída com meus planos.
- Claro que confiamos, devemos nossas vidas a você. Iremos onde você quiser. - responderam prontamente.
- Ótimo, nós teremos uma noite longa, rapazes. Muito longa. - disse,depois expliquei o meu plano.
Eles concordaram em ir mas acharam que seria muito complicado levar os caixões da Rússia até a Índia. Resolveram que comprariam ou roubariam por lá.


Viajamos o mais rápido que eles conseguiam... Meus filhos são muito jovens, não tem nem metade da minha força, mas são bem fortes. Aguentaram bem o ritmo da caminhada... Mas ainda não possuem o dom de voar.
Tive de usar todas as minhas forças, toda minha energia para levá-los comigo nessa

viagem... Depois a escalada, o frio... A neve, o medo constante... No fim, chegamos a uma caverna, escondida entre dois picos, o que dificultava bastante sua localização, e ainda mais alcançá-la.Vocês nem podem imaginar a complicação que foi, subir aquelas montanhas, enfrentar o frio, e o pior de tudo,com os dois carregando seus caixões. Para se enterrar junto na pedra. Minha incerteza de estar sendo ou não seguida, ou observada. E meu sangue puro, é muito próximo a linhagem real,para sentir os vampiros antigos como Maharet ou Akasha é bem mais difícil para mim...
Chegamos na caverna e comecei a explicar qual seria o plano de ação.


- Deixarei vocês aqui, dormindo, como se estivessem dormindo a muitos séculos, esquecidos, esperando a passagem do tempo. Talvez o perigo passe por vocês, passe e
ignore suas presenças. Quando isso passar, eu voltarei aqui, acordarei vocês, meus
amores. Juro que lutarei com todas as minhas forças para estar aqui novamente o mais rápido possível.- disse, abraçando os dois, contendo alguma lágrima, lágrimas de medo, de emoção, por fim, lágrimas de amor.

Eles nada disseram, limitaram-se a obedecer minhas instruções.

Deixei-os nos caixões, no sono mais profundo dos vampiros, aquele que pode durar de fato séculos. No alto daquelas montanhas, metade do meu coração, enterrado junto com eles. Com o meu sangue que corria nas veias dos meus filhos vampiros.

A descida solitária daquelas regiões inóspitas do mundo me fez perceber a imensidão da eternidade, que outros seres no mundo poderiam dizer que sozinhos enfrentaram a neve,o vento, altitude...
Quando finalmente cheguei em uma dessas cidades tão pequenas, que mal tem nome, não conseguia dar mais nenhum passo sem descansar... Precisava do sono reparador dos vampiros... Mas não imaginava como iria chegar a tempo, de como iria encontrar Khayman antes que ela o encontrasse. E ainda havia o show do Vampiro Lestat, que era meu dever assistir, eu deveria estar lá, para proteger o jovem... Precisava estar lá...Entretanto duvidei muito que conseguiria...

Me alimentei, nem sei bem como... me arrastei até uma cova que demoradamente cavei sob uma árvore.

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