quarta-feira, dezembro 29, 2010

. Encontro .



Boa Noite queridos.

Vamos conhecer mais amigos meus?

Certa noite eu estava andando por ai, mestre Khayman disse que ia mandar de trem... Algo sobre trens no Japão... O que sei disso afinal?
E por sorte eu estava em Amsterdã, bela cidade essa. E por mais sorte ainda, encontrei um jovem mortal. Bem interessante. Daniel, vocês o conhecem...
O rapaz da entrevista, sim. O amante de Armand... Oh, sim. O mais novo louco vampiro... Também, esse mesmo.

Eu não parecia imortal aquela noite, as roupas atuais ajudam bastante nos disfarces, usava uma calça preta, botas também pretas, uma camiseta branca...bem simples, mas que ficava escondida embaixo do sobre-tudo pesado que usava... Além de luvas de couro preta. Eu era uma figura comum das grandes cidades, unhas pintadas de vermelho para esconder seu brilho assustador, maquiagem também, adoro as maquiagens. E nessa noite em especial, tinha pintados meus cabelos. De vermelho.. uma excentricidade admito.

Mas, encontrei Daniel em um bar... A figura da desolação. Não foi difícil penetrar na sua mente, e ver que ela transbordava dos momentos com Armand. Ele pensava na cor de seus cabelos, em como era macio o seu rosto... E pensava no sangue.
Então o pequeno tinha feito com o mortal o mesmo que a ele tinha feito... Engenhoso Armand. Você o escravizou pelo sangue. Que sádico.
O problema dos mortais que experimentam o sangue, é sempre o mesmo. É como os dos viciados em qualquer droga.
Mas os viciados em drogas normais, podem vender seus bens, podem roubar, podem falir, podem até matar para conseguir mais droga.... Mas um viciado em sangue dos vampiros... Só pode conseguir com seu amante imortal, e na hora que o imortal bem decidir. Isso os enlouquece. O pequeno sabe disso..
Devo esclarecer que nessa época eu não era próxima a ele... O encontrei naquela noite em Paris, e em outras noites apenas o vi... Sem proximidade qualquer.

Foi quando me aproximei dele, parei de espionar sua mente. Queria falar... saber o que Armand via de tão especial nesse mortal... Um perigo devo dizer, por que Armand estava em Amsterdã procurando Daniel. E ficaria furioso quando visse outro imortal com seu amante.. Oh, pro inferno com Armand. Ele que viesse.

Sentei na sua mesa, olhei seus olhos... Vi a loucura esperando na próxima porta.

- Olá Daniel. - sorri para ele.
Ele não me respondeu, pareceu tão assustado... Ele soube o que eu era.
- Você não pode me machucar, fique longe de mim...
- Por que? Por que você tem o Todo-Poderoso-Armand para cuidar de você? - ri assustadoramente alto...
- Não zombe de mim. Ele vai encontrar você. - ele tremia.
- Primeiro, eu não vim aqui machucar você, e segundo, não tenho medo do seu amante.
- Você é muito mais velha que ele? - oh, vejam só, estava preocupado que eu matasse a pequena criatura.
- Sou tão antiga quanto o seu Marius... Mais antiga. - sim.. assuste ele.
- E por que anda por ai, pelas cidades?
- Por que é assim que aprendo sobre o novo mundo e suas eras, andando por ai. Conversando com as pessoas, e não aprisionando elas pelo sangue. É isso que ele está fazendo com você. Não se iluda. Ele não lhe dará o sangue... A menos que você esteja morrendo, e ele seja covarde o suficiente para não aguentar vê-lo morrer.
- Ele não me deixará morrer, confiaria minha vida a ele.
- Você já o fez. Agora, se mate. Tome veneno ou se jogue de uma ponte. Vamos ver até onde sua proteção é estendida. Ele não fará nada. É um tolo rapaz. Tome uma atitude, se livre do desejo que sente pelo sangue dele, ou você enlouquecerá. Estou lhe avisando. Ele vem vindo, quer que ele me veja aqui com você? Isso despertaria um ciúme doentio, como só ele é capaz de sentir... Talvez essa conversinha arrume uma noite de prazer com ele...
- Sim.. fique. Fale desse jeito com ele. O deixará furioso realmente.

Sim... ele chegou. Mas sua beleza... seu andar. Fim. Estava perdido meu humor negro, minha provocação. Ali eu soube. Eu não conseguiria ser má com ele... Nem lhe desafiar... Mas vamos atender ao pedido do rapaz.
Subitamente peguei as mãos de Daniel, coloquei entre as minhas. Pareci terrivelmente apaixonada por ele... Eu pude sentir o coração de Armand ficando descontrolado... Seu rosto pegava fogo. Isso, ciúmes.

Ele puxou gentilmente uma cadeira para a mesa e sentou... Minutos de silêncio.

- Arrumou uma amante Daniel? Meu dinheiro, meu sangue e meu amor já não te satisfazem mais? - sim, furioso.
- Oh, não seja tão rude com o rapaz. Vamos até ali, quero falar com você. Um minutinho, depois pode voltar para ele...
- Tudo bem. Vamos.

Chegamos a um beco sem saída, escuro e frio. Ótimo local para uma conversa.

- O que quer com ele? - ele num gesto infeliz me agarrou pelo pescoço.
E infelizmente eu tive de me defender... Dei uma cotovelada no estômago do rapaz... Uma cena terrível, ver aquele anjinho cuspindo sangue... Fui até onde ele havia caído, sentei ao seu lado... deixei sua cabeça no meu colo... Falei tão gentilmente, enquanto limpava o sangue com um lencinho que achei em seu bolso.

- Pare com essa loucura. Ele está dependente da sua presença, você sabe. Ele vai enlouquecer. E mesmo que você o transforme ele vai odiá-lo.
- Por que me odiaria? - respondeu, cuspindo mais um pouco de sangue.
- Você está com ele por que?
- Para aprender sobre esse tempo, para ter alguém que converse comigo sobre esses tempos. - ele pegou minha mão... Não, não faça isso. Você não quer isso....
- E ele está com você por que? - Passei levemente os dedos nos cabelos dele.... tão macios...
- Ele quer o sangue, gosta do conforto que posso proporcionar.
- Você já não conversou o suficiente com ele? Já não aprendeu tudo sobre essa época?
- Sim, aprendi.... - ficou a observar minhas mãos...minhas unhas...
- E quando você der o sangue a ele, não terá dado tudo que ele quer?
- Sim... estou entendendo o que você quer dizer.. Entendendo de verdade... - ele sentou ao meu lado.
- E agora você sabe o que ele odiará você. Tenho que ir, Armand.
- Não, fique. Quero conversar mais.
- Oh, não fique com seu mortal. Eu voltarei um dia. Quando for a hora.

Beijei gentilmente seu rosto e seus cabelos. E finalmente sai andando como os mortais a nossa volta...

Boa Noite queridos!

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