segunda-feira, janeiro 10, 2011

. Meu Mayfair .

Boa Noite!

Oh, queridos... Eu tenho verdadeira adoração por um mortal.
É uma grande pena não poder ficar muito com ele.
Michael Curry. Sim, o bruxo Mayfair.

Já falei como nos conhecemos. Já falei sobre Mona.
E uns anos atrás, fui lhe fazer uma visita... Uns dois anos depois da reforma da minha casa.
Como sempre, sua adorada Rowan não estava... Que mulher tola deixaria aquele... homem, sozinho, naquela casa enorme. Tola. Se vocês não a conhecem devem saber que ela é uma médica fria e calculista. Linda, sim, o é. Mas uma mulher que não tem paixão suficiente, para manter um homem desses...

Vamos parar de falar nela, ele é que interessa aqui.

Michael é exatamente como os meus homens. É um típico homem alvo. Não sei se vocês poderiam entender a atração que esse tipo causa em mim. É só olhar e todas as minhas células ficam eufóricas.

Pois bem...vamos a nossa visitinha...

Como já disse, ele estava sozinho na casa. No salão interior, ouvindo música e lendo...Dickens. Essa obsessão de Michael por Dickens me dá crises de riso. Tudo bem, não está na hora de rir. Lá está ele no sofá que tanto o atormenta... A testemunha de seus atos condenáveis. Não querido, nada condenável. Eu não ligo...

Dessa vez entrei pela porta da frente, toquei a campainha, esperei que ele atendesse... Até o chamei " Michael.."

Então ele abriu a porta, e um vento forte passou pela casa trazendo com ele o cheiro delicioso de Michael... E mesmo depois de séculos lidando com a atração que os mortais causam em nós, esse me é irresistível.

Ele me vê e fica sorridente, me chama e diz que está frio lá fora e eu devo entrar.
Eu digo que não sinto frio... Mas que aceito o convite para entrar.
Ele me leva até o salão interno, com todas as pinturas da antiga fazenda da família Mayfair.
Vejo os quadros, tantos Mayfairs.

- Julien... - digo quando bato os olhos no quadro do meu velho amigo.. Lá está ele, sorridente e sedutor como sempre.
- Sim, Julien. Gosto muito de olhar para ele. - ele diz.
- Você me lembra ele Michael... Não são tão parecidos fisicamente, nem pessoalmente, mas você tem um charme tão profundo quanto o dele. - digo isso, apertando levemente o ombro dele e sorrindo.
- É estranho, você poder falar com tanta convicção e com a memória tão nítida de como ele era. Eu só vi fantasmas, lembranças, imagens. Julien nunca vi. - ele fala.
- Julien era um homem incomum. Era brilhante, engenhoso e um charme.
Mas eu não vim aqui falar sobre ele, já deve saber disso. - eu digo.
- Sei que não. Você veio me oferecer sua adorável companhia novamente. E eu como sempre, devo dizer que não vou aceitar. - ele fala e me dá um beijo na testa.
- Oh, Michael... Quantos homens com seu rosto eu vou ter que matar? Estou me cansando. Toda vez, é você, é Tarsicío... Meus amores mortais. Estou cheia de vocês. - eu falo.
- Eu já vivi muita coisa para querer ser imortal, já fiz muita coisa para querer ser imortal.

Finalmente sentamos no sofá. Michael acende um cigarro, dá um trago profundo e para de me olhar nos olhos. Ele faz isso, me olha nos olhos. Pareceu estar refletindo sobre alguma coisa.

- Onde ela está ? A Rowan? - perguntei.
- Trabalhando, onde mais ela estaria? - ele sorri.
- Eu não deixaria você por ai, pelos cantos dessa casa, sozinho...
- Selene... você não tem um... namorado vampiro? Ou coisa parecida? - perguntou.
Eu rio demoradamente... Claro que ele se referia à Armand, que tinha ido visitar minha casa durante as obras.
- Não é bem assim, eu gosto da presença e da companhia dele. Passamos muito tempo juntos, mas não existe um... pacto de exclusividade, entende? - respondi.
- Ele não ficaria bravo se eu entrasse assim na sua vida? - perguntou, acendendo outro cigarro.
- Está bem, está bem... Eu entendi. Você não quer ser um vampiro, ou não quer ser meu?
Me aproximei mais dele... Deslizei levemente minha mão sob o rosto dele, passando calmamente os dedos pela barba que lhe cobria o queixo. Tive apenas tempo de sussurrar... Michael, antes de beijá-lo e finalmente conseguir provar aquele sangue...

- Au revoir, mon fils.

Sai pela rua assobiando e cantando para os passarinhos...

Boa Noite.

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