sábado, janeiro 01, 2011

. Um gato, e um convite .



Boa Noite!

Aqui estava eu pensando na história que contaria a vocês.
Pensei em falar sobre uma das noites de ano novo.
Pensei em falar sobre tantas coisas. Mas preferi não fazê-lo.

Umas noite atrás aconteceram coisas interessantes na minha casa.
Acho que isso seria mais divertido de contar.

Bem, vamos a nossa história?

Eu estava na sacada, admirando a lua, quando ouvi uma conversa.
Um pai com sua filha.

- Pai,Pai... Quem mora naquela casa? - apontou para a minha casa.
- É uma moça, minha filha. Não sabemos o nome dela. - respondeu o pai.
- Aquela ali? - apontou para a sacada.
- Ah, sim. Aquela mesma. Ela mora ai sozinha. As vezes,recebe uns rapazes muito estranhos ai. - respondeu.
- Rapazes? - perguntou.
- Sim, uns rapazes. Tem uns que vem mais que os outros. As vezes ela desaparece por meses... E nunca a vimos de dia. Ela diz que trabalha de noite. Mas nunca parece sair de casa. - respondeu o pai.
- O que será que ela faz papai? - perguntou a menina.
- Não faço idéia, talvez seja uma artista, eles são bem estranhos.

O homem tinha parado abruptamente de falar.
Ouvi passos na calçada. Era Armand... Os mesmos passos de sempre.

Ouvi o pai falando com a menina novamente, muito baixo para os outros humanos ouvirem.

- Olha filha, tá vendo aquele ali? - apontou discretamente para Armand.
- Sim, pai. Ele é... Não sei que palavra usar.
- Estranhamente bonito. Como todos os outros. Acredito que sejam todos artistas. Atores. Gente estranha. Vamos filha...
- Papai, eu quero ir falar com a moça.. Deixa eu ir... - pediu.
- Não, de jeito nenhum. Um dia, quando ela sair, e você a vir por ai, pode falar com ela.. Mas não vá naquela casa. - reclamou o pai.

Bom, eles foram embora. Ou eu não os vi mais. Mas fui abrir a porta.
Por que não é só por que o Armand pode abrir minha porta com o poder da mente, que ele vá fazer isso. Seria uma grande falta de educação... Passei pelo David, que tinha vindo passar a noite comigo. E estava escrevendo na sala. E Khayman estava falando... Eles estavam escrevendo as memórias dele. Agora faziam isso na minha casa. Bem, faziam onde quer que Khayman resolvesse ir. No momento ele queria ficar na minha casa.

- Pai...
- Sim, Selene.
- Eu vou sair, venho logo.
- Está fugindo do que Selene?
- De nada, por que eu estaria fugindo de alguma coisa, que pergunta mais estranha e sem propósito.
- Seu querido Armand está lá fora, não está?
- Está... E eu não quero que ele quebre a casa toda. Então vou tirar ele de perto da minha casa. Por que não quero precisar quebrar ele todo...
Rimos, rimos feito uns loucos...

Fui abrir a tal porta... Que é branca só por detalhe.
Sai, e a fechei denovo. Coloquei a chave na minha bota. Coisa mais mortal... Até parece que eu iria perder a chave da minha casa...

Armand estava parado perto do velho carvalho que fica perto da casa. As mãos nos bolsos, olhos no chão. Tão mortal ele parecia...
Comecei a andar... Andando sem rumo. E ele me seguiu.
Ficamos muitos momentos, apenas aproveitando a presença um do outro. Sem nos preocupar em usar palavras. Palavras são completamente inúteis as vezes.
Ele não precisa ouvir de mim o que sinto. Não precisa que eu diga que preciso desesperadamente da sua companhia. Nem que o amo. Ele o sabe. E eu sei muito bem que se não estivesse interessado em mim, não teria aparecido na minha casa.

Andamos por várias ruas... andamos indefinidamente.
Até que ... Senti uma vontade estranha de abraça-lo. De sentir sua presença comigo.
Gestos mortais, eu devo dizer... Fiz o que já vi várias mortais fazerem.
Puxei-o pelo pulso até mim... Ele sorria. Ah, vocês não fazem idéia de como é lindo. Estava feliz...

- Vamos, vamos Armand. - sorriamos.
- Onde vamos? - perguntou.
Nós corríamos... Velocidade reduzia... Não sou louca.

Corremos pela cidade... Que coisa mais idiota. E sem propósito. Não acham?

Mas parei nossa corrida. Outras coisas mortais, o abracei contra a parede... Oh, sim. Ficamos abraçados, feito tolos namorados.. Oh, céus.

- Selene, eu trouxe um presente pra você!
- Um presente? Que presente? Eu não vi nada. - comecei a procurar nos bolsos dele, não achei nada...
- Oh, eu deixei na sua casa. Ele pulou o muro.
- É um bicho? Que pula muros? Você me deu um gato Armand? Por que você me deu um gato? Não, senhor. O pobre gatinho...
- O que foi? Você não gosta de gatos? Eu achei que gostasse. Eles são independetes e não ligam se nós sumimos de casa.
- Oh, eu não gosto. Mas não odeio. Ficaria de bom grado com ele. Mas... Khayman...
Olha, eu devo dizer que é um desvio de personalidade dele. Mas ele vai matar o gato.
- O que? Ele gosta de se alimentar de gatos?
- Não, ele odeia gatos. Ele os mata e os queima. Uma coisa terrível de se ver.
- Bem, não podemos mais salvar o gatinho. Você não veio só por isso, o que quer?
- Queria te ver. Queria tirar você de perto do David. Eu sei que ele é bem encantador. E eu sei que você gosta de... homens como o David.
- Você e seu charmoso ciume. Já falei que ele só aparece as vezes. E não tem nada de especial nisso. Gosto dele. Você também. Portanto,não seja tão tolo.
- As vezes,tenho medo de que você fuja com ele. E volte para a Grécia.Você vive se escondendo por lá.
- Você está louco sabia?
- Não, é que... Estou sem lugar no mundo agora. Marius reencontrou sua Pandora, e faz o possível para mante-la perto dele. Benji e Sybelly...Você sabe.. Daniel, não quer nem me ver. Meus outros amigos, estão todos vivendo suas vidas. E você, agora,justamente você, anda por ai com o David. Você não sabe a minha impotência ao sentir essas coisas... Eu quero um lugar. E vai ser com você.
- O que você está sugerindo?
- Venha comigo para Miami. Ainda tenho um quarto só para você na minha casa.

Eu ri demoradamente... dei até socos na parede a nossa frente de tão frenética que era minha risada.

- Pare de rir. Como eu odeio vampiros com crises de riso. Você e Lestat. Conseguem passar horas rindo... Não entendo a graça nisso. Eu venho aqui, pedir a você que more comigo e você ri? Isso é muito, muito ultrajante.
- Sim, chefe. Muito ultrajante. Mas, eu vou. Só que o David vai comigo...
- Você, você, você não tem respeito por mim criatura?
Novamente eu ri ...
- Sim, tenho muito respeito por você. Quer saber? Você quer bancar o homem super protetor? Então seja isso. Vá falar com o David. Vá dizer a ele que não pode mais me ver. Oh, vai ser lindo. Vou até trazer Lestat aqui para ver a sua desgraça...E rir junto comigo.
Ele ficou cheio de vergonha...

- Não seja tão tolo. Eu te amo.
Abracei ele, que colou sua cabeça no meu peito...


- Sim, seu tolo. - desarrumei os cabelos dele..
E ri. Oh, como eu ri...
- Se estou aqui e ainda não matei você por sua grande impertinência, é por que o amo.
" Oh, que temperamento temos atrás dessa cara de anjo".
- Que é isso?
- Palavras do seu Marius, meu querido.
- Marius...
- Vou fazer, só por que estou cansada dos meus vizinhos. E também, por que Khayman está ocupando David demais. Mal temos tempo de conversar. E não adianta mais usar ele para irritar você. Já tomou sua medida desesperada. Mas não pense que eu sou propriedade sua. Está me entendendo? Agora, vá roubar outro carro, enquanto vou ver se o tal gatinho está vivo.

Bem, depois dessa conversa, completamente tola e sem sentido...
Resolvi que não estava mais querendo ficar com David. Nem com Khayman... Nem com qualquer outro imortal nesse mundo. Que não fosse, aquele agora ao meu lado. Sim, fui morar com ele... Sinto que será muito bom. Mas, posso falar do passado, e do presente. Entretanto, não posso falar do futuro não é?

Boa Noite.

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