quarta-feira, dezembro 29, 2010

. A Sacada .



Boa Noite queridos !

Estou em uma situação dificil... muito dificil.
Apaixonada eu diria.
Isso é perigoso. Principalmente para o alvo dessa paixão.
Devo dizer que sou dada a momentos de loucura e posso simplesmente sumir e passar anos sem aparecer.
Estou tentando me controlar, vamos resolver isso não é?

Tenho uma noite muito gentil para contar a vocês.


Eu estava em casa, sentada na varanda, lendo... Umas poucas velas bastavam, mas a iluminação da rua ajudavam meus olhos sobrenaturais.
Eu lia Platão... saudades de casa. Sempre sinto saudades da Grécia.
Acho que deveria me mudar de vez para lá.
Mas minha bela e generosa Grécia agora não tem a imponencia antiga... São só monumentos vazios e turistas curiosos...
Saudades da minha Atenas...

Foi quando ouvi barrulhos na porta da frente... cheiro imortal.
Passos imortais. Cheiro estranho.

Quando abri a porta vi apenas uma pequena caixa, branca.
Seu interior era forrado com couro caramelo, dentro dela, um colar de pura prata.
Os pequenos aneis da corrente se entrelasavam de maneira tão.. simples e bela.
E o pingente me fez chorar. Era uma pequena coruja... seus olhos eram pequenos diamantes... Saudades de minha Atena. Minha deusa guerreira e virgem.
Quem teria me mandado esse presente? Não faço a menor idéia...
Mas pensando bem, talvez soubesse.
Anos atrás recebi outro presente assim, um anel. Prata novamente.
E dentro gravada a palavra Atina... ( Atenas)
Khayman é claro. Meu querido pai.

Mas, isso é apenas um momento da minha noite. Minha verdadeira revelação é outra.
Meu pequeno amor veio até mim. Parecia um tanto perturbado.

- Meus filhos estão me enlouquecendo.- ele estava sentado comigo na varanda... Os cotovelos sobre os joelhos... o rosto entre as mãos. A própria figura da lamentação.
- O que eles fazem, querido? - cheguei mais perto dele, parecia que ia chorar.
- Eles não me entendem. Basicamente isso.
- Você lembra, Amadeo, do que disse a Lestat quando o conheceu?
Que seus filhos nunca correspondem as suas esperanças. Sei que não os vez, mas é você quem deles cuida e protege. Não fique assim. Mesmo que eles resolvam seguir um caminho para longe de você. Amadeo, não me olhe assim. Com mil demônios.
Você é eternamente jovem e belo, pare com isso.
- Não quero mais falar sobre eles - ele sorriu.
- Está bem.
- Você recebeu um presente? Eu vi uma caixinha na mesa.
- Oh,sim. Khayman. Ele gosta de me mandar presentes anônimos.

Fui até uma caixa em meu armário... O anel.

- Tome Amadeo. Eu sei que gosta deles. Não tem um vistoso rubi como é de seu gosto. Mas, guarde. De mim.. para você.
- Obrigado.

Depois de um momento de silêncio...

- Amadeo, estive lendo seu livro.
- Você leu aquilo? Por favor... não foi a melhor decisão da minha vida.
- Eu quero ler uma parte para você... me permite?
- Está bem.Leia querida.


" - Seu cabelo parece feito de âmbar, como se o âmbar pudesse derreter e ser tirado das chamas de velas em longos fios etéreos e deixado secar assim para fazer todas essas tranças lustrosas. Você é doce, com cara de menino e bonitinho como menina. Por um momento, gostaria de ter podido ver você vestido de veludo antigo da maneira que você era para ele, para Marius. Gostaria de ter podido ver por um momento como você ficava de meias e gibão cintado bordado com rubis. Olhe para você criança gelada, meu amor nem sequer o afeta."

- Sim, criança gelada. Meu amor não o afeta.
Não sou a sua vissão de amor. Não sou seu Marius, Amadeo.
Você não me olha como olharia a ele.
Maldito Marius. Que fez você assim. Meu pequeno homem.
Ele o fez mas o prendeu, você se acha um homem preso nesse corpo de garoto?
Sim, você o acha. Marius tão vaidoso.
Nada disso você é. É lindo e jovem.
Mas essa é tua beleza Amadeo. Se tivesse sido transformado aos trinta anos.. Teria esse mesmo pequeno rosto e esse cabelo feito de âmbar.

Ele se limitou a olhar a rua, os transeuntes. Inocentes almas que nada sabem sobre o mal esperando na sacada.

- Querido, essa época não te valoriza.
Sua beleza tem uma classe, um jeito.
Você foi feito para as antigas eras.
Você foi feito para o veludo e as rendas.
Essa época é demais simplória e sinistra para você.

- O que você está sentindo Selene? Por que você está falando assim?- ele pareceu preocupado.

- Amadeo, eu gosto de você. Gosto perigosamente de você.
E me sinto perigosamente irritada com sua.. indiferença.

- Eu não sou indiferente a você. Mas o que devo fazer? Diga-me o que fazer.
Por favor, fale. Não me dê as costas. Não saia assim.
Sim, é como Marius, Selene. Sua idade e sua paciência. Quando se irrita me ignora, como ele. Eu me sinto furioso. Quero machuca-la. Volte aqui.
Me sinto, como me sentia séculos atrás com ele.
Essa mesma arrogância. Volte aqui.

Mas eu não queria ouvir. Cale-se Amadeo. Sua voz tem veneno. Ácido penetrante.
Então eu fiz algo que não desejava fazer de maneira alguma... O assustei.

Com um golpe rápido e certeiro quebrei a mesa de mármore da sacada... Um soco apenas. E ele ficou impassivel.

- Pretende me machucar? Machuque-me.
- Cale-se Armand!
- Tirana Mestra. Usando minhas próprias palavras, em meu próprio livro.
- " Mestre, tenha pena de mim. Estou confuso."
- Oh, meu pequeno. Eu sou tola, você o sabe.
- Nada tem de tola. E você que é pequena. Sou mais alto que você, veja só.

E ele saiu rodopiando na sacada, dançava. Só então percebi que chorei. Que chorei.
Mas eu não choro. Pequeno demônio. Sua beleza me fere os olhos.


Não se cansem de mim queridos. Só estou inteiramente confusa aqui.
Confusa. Isso ainda acontece. Prometo não falar mais do presente. Vamos ao passado, vamos sim. Minha vida tem eras e momentos. Chega desse pequeno amor de uma década.

Nenhum comentário:

Postar um comentário