quarta-feira, dezembro 29, 2010

. Sempre Khayman.



Boa Noite queridos!

Uma pequena revelação a vocês.
De como a morte pode enlouquecer...

- Desça dai Selene - Khayman falava...
- Não quero, eu vou morrer. Veja só. Me matarei e você não tente me impedir. - eu estava no telhado da nossa casa,esperando o sol... Que viesse o sol. Eu queria morrer.

Mas eu devo dizer por que queria morrer...
Khayman e eu tinhamos encontrado um vampiro errante, um belo e jovem americano.
Chamava-se Criss.

Ele deveria ter uns vinte anos quando foi transformado.
O ano era 1870.
Descendente de italianos...

Criss me encontrou para falar a verdade. Se sentia perdido e isolado, desde que seu criador havia sumido. Queria orientação e companhia.
Me encontrou quando eu passeava com Khayman. Que belo par nós faziamos.
Andando de braços dados pelas ruas de Londres. Na chuva ou em bom tempo, sempre estávamos a caminhar. Conversavamos longamente sobre o progresso e o passado.
Mas sentia que algo nele estava mudando. Meu mestre estava cansado dessa era...
Já aconteceu antes. Quando conheci Marius, Khayman estava descançando...
Passou basicamente cem anos adormecido. E eu sempre a vigiá-lo.

Enfim... quando conhecemos Criss,ele decidiu que eu tinha encontrado companhia... E ele poderia repousar sem se preocupar comigo.

- Pai... sentirei sua falta.
- Eu também querida... sentirei saudades de você. Prometo que ficarei parcialmente fora do mundo, continuarei na sua mente. Pequena,você já é uma extensão da minha consciência, do meu corpo... Você, também sou eu. Saiba disso. Meu sangue corre em você. O que eu sei, você sabe. Nós somos como um. Entenda.
Venha até aqui.

Quando eu menos esperava, ele me abraçou, pude sentir como poucas vezes seu corpo, sua força. Toda a mágia do sangue correndo nele. A mágia do espirito. Me senti tão pequena nos seus braço. Aquela força da natureza... Meu pai.
E mais inesperado ainda, foi quando ele cravou aqueles dentes assustadoramente poderosos em meu pescoço... Como da primeira vez. Aquele turbilhão de imagens e recordações. O poder, as memórias.
Institivamente também o mordi... O sangue é como alcool... a mesma sensação de queima.. de combustão. O fogo atravessando sua lingua e sua garganta...
Nem sei quanto tempo passamos naquilo... Não consegui larga-lo.
Quem nunca provou um sangue tão poderoso... O Sangue do mestre, é tão puro.
É a pureza. Ele veio direto da fonte. Diretamente dos reis...

E simplesmente acabou... continuei abraçada a ele. Sentindo o pulsar de seu coração... Aquele ritmo... Feria meus sentidos.

- Um presente querida. Agora você está armada e poderosa. Meu sangue a manterá e a deixará mais forte ainda.


Khayman se recolheu a seu esconderijo e simplesmente durmiu.
Cuidei de colocá-lo em seu sarcófago, como era de seu agrado. De lacrar o local...

Criss e eu vivemos juntos por vinte anos. Dividiamos todas as alegrias e tristezas da vida imortal.

- Não suporto mais você Selene. - Criss estava falando sério..
- O que eu faço assim de tão ruim?
- Você me assusta. E você sente falta de Khayman. Eu não posso suprir suas necessidades. Não consigo acompanhar seu espirito. Aposto que nem ele pode. Você é agitada demais e violenta demais. É agressiva e me ameaça.
- Não faço nada disso. - menti.

Mas ele continuou a me enfrentar... me atormentar, lamentar.
Dizendo que iria embora, que eu iria ficar sozinha...
Que fosse...

Até o dia em que ele sumiu... E ele sumiu... Mas eu o encontrei.
Ele estava esfarrapado como um mendigo... Lamentável.

Só que o rapaz era ironico e ridiculo. Como pude assim me enganar?
Então veio uma proposta ridicula, ele queria meu sangue... Mas que petulância.

Que erro... eu o queimei... eu não sabia o quão forte Khayman tinha me deixado.. Me descontrolei e quando vi. Criss era apenas uma massa de tecidos queimados...

E foi isso que me levou a loucura.
Arrombei todas as portas que levavam ao descanço do mestre.

E gritei, quebrei o sarcófago. Joguei a tampa nas paredes... e ela quebrou.
Institivamente ele me pegou pelos ombros e prensou na parede... Só o peso e a firmeza do corpo me sufocavam. Ele agarrou meu pescoço... Tanta força, quase o quebrou... Senti lágrimas nos olhos.
Com muito esforço consegui falar...

- Pare pai.. pare. Sou eu.

E isso o acordou.

- Desculpe. - ele disse.
- O que foi isso Selene? Que loucura é essa?
- Ele morreu, ele morreu, ele morreu. Ele está morto. Eu o matei.
continuei repedindo... repedindo..
Como um mântra....
Até que.... recebi um belo tapa na cara... E um olhar tão sério de reprovação...
Cai aos pés dele.. me agarrei aos seus joelhos e chorei.. Oh, como chorei.

- Oh,poderosa criança. Meu sangue a fez tão forte. Tem medo de seus poderes?
- Tenho... eu não fiz por querer... eu não sabia.
- Você não tem culpa, fui eu que a enchi do meu sangue poderoso demais.
- Ai pai.. Eu não queria que ele morresse. Só que parasse de falar...

Então foi ai que subi no telhado.. e fiquei cantarolando em grego... Algo que cantávamos nas festas de Dionisio.

O que nos levou ao momento que retratei no inicio da memória.
Mas... devo dizer que não queimei.
Khayman subiu no telhado... passando seu poderoso braço em torno do meu pescoço me arrastou para casa.. Me deitou dentro de seu caixão.. E deitou sobre mim... Impossivel me livrar dele... e o sono chegou...


E com o sono veio a razão, a reflexão... E eu acordei para a vida. E redescobri meus poderes.

Boa Noite !

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