sexta-feira, janeiro 21, 2011

. Lamento dos Olhos de Armand .

Boa Noite!

Vamos passear? Claro que vamos.

Uns anos depois de encontrar Armand, encontrei Marius, na sua Ilha particular.. No meu mar... Marius seria muito tolo de achar que estava bem escondido dentro do meu mar...
Ele e Aqueles-Que-Devem-Ser-Conservados. Apesar de terem se passado mais de cem anos da visita do Vampiro Lestat ele continuava ali.

Entrei clandestinamente em um barco e consegui chegar até a ilha.
Bati nas portas da casa de Marius, esperando sua antiga recepção calorosa, mas ele parecia mais, cansado de seu fardo.

Fiquei quieta, até que ele aparecesse, um tanto nervosa, por estar tão perto de Enkil, seu coração me deixava descontrolada.... Sentei em uma pedra, as mãos nos ouvidos, chorando baixinho... ' Marius, Marius, apareça, preciso de você.'

Ouvi Marius se aproximar, sempre tão generoso ao se fazer notar.

- Selene, o que faz ai no chão? Que cena mais desconcertante. Sinto-me envergonhado por deixá-la ai. Quando senti a presença achei que fosse outro imortal. - disse, ajudando-me a levantar.
- Desculpe aparecer tão repentinamente, senti falta de companheiros mais antigos...Cansei dos jovens, morrem como ratos nas cidades, e eu precisava de mais... assunto. - respondi, o seguindo em direção a casa.
- Aconteceu alguma coisa, não foi? - perguntou.
- Podemos conversar lá dentro? - respondi, queria um pouco mais de conforto para contar os fatos.
- Claro.

Marius me conduziu por um lugar cheio dos mais variados confortos e requintes que mortais e imortais poderiam querer.
Fomos até a mesma sala onde anos antes ele havia revelado seus segredos a Lestat.
Pareceu um tanto desconfortável por tais lembranças.

Ele soube que não podia manter os ares de professor comigo, eu não era um vampiro novato completamente espantado com a presença dele. Se portou como o amigo, o companheiro de eternidade que era ao meu coração.

- Me diga uma coisa, o que diabos aconteceu com você, Marius? - perguntei.
- A falta de possibilidade em acabar com responsabilidades angustiantes e repressivas.- respondeu.
- Está querendo se livrar deles?- perguntei, divertida.
- Nem fale algo assim nesse lugar. Mas está cada vez mais difícil, o isolamento e poder ficar sem companheiros. - disse, cabisbaixo.
- Você gostava mesmo do jovem vampiro, não é? - perguntei.
- Gostava sim, mas Lestat precisava de orientação... Não companhia. - disse.
- Agora, vamos parar de falar nele. E falar em outro companheiro nosso.- provoquei.
- Armand? Você não desistiu de encontrá-lo? Acho que se apaixonou pela imagem dele Selene. - sorriu.

Parando por uns instantes analisou meu rosto em busca de nova emoções

- Ah, mas eu o encontrei finalmente. E você não imagina como estava radiante. Tão lindo, tão mais perfeito do que eu poderia imaginar. - disse, abrindo minha mente e revelando a imagem de Armand ao lado de Louis.
- O que faz aqui? Que não está lá com ele? - perguntou
- Talvez eu goste da minha própria solidão. E a beleza dele é um veneno, você sabe disso. Consegue aprisionar até mesmo nossos velhos corações. Tenho medo de tais tentações. Preferia ficar aqui com você, mas outro velho coração pulsa embaixo deste teto, um que pode me enlouquecer muito mais fácil que os olhos de Armand. - disse, levantando-me da cadeira e andando pelo cômodo.
- Talvez Marius, eu tenha os mesmos motivos que você. É um tanto vergonhoso o efeito dele sob nós, não é? Imagine só, eu com toda minha beleza orgulhosa de mil anos de existência chorar diante dos olhos dele. Uma coisa lamentável, meu amigo. - continuei.
- Adoraria que você ficasse, mas entendo seus motivos.
Mas Selene, não deixe passar mais quinhentos anos antes de me visitar novamente.

- Claro que não. - disse, saindo da casa, sumindo na noite.

Boa Noite!

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